sexta-feira, 27 de agosto de 2010

Os benefícios da amamentação na prevenção da síndrome metabólica


A amamentação não beneficia apenas os bebês. Além de todas as vantagens do leite materno aos recém-nascidos, a amamentação também traz inúmeras vantagens às mães. Além de auxiliar na perda de peso e voltar à forma mais rapidamente, a amamentação vem se mostrando benéfica para reduzir as chances de importantes complicações de saúde, como a síndrome metabólica. A síndrome engloba uma série de fatores de risco relacionados à obesidade e metabolismo, que podem indicar propensão a diabetes e a doença coronária. 

Este é o resultado obtido em um estudo recentemente finalizado pelo Departamento de Pesquisa do Kaiser Permanente, na Califórnia, Estados Unidos. O estudo é uma publicação da Associação Americana de Diabetes (American Diabetes Society), que serve de alerta para nutricionistas, médicos e outros profissionais de saúde ligados ao atendimento de gestantes e parturientes. 

De acordo com o trabalho, coordenado pela epidemiologista e pesquisadora Erica Gunderson, a proteção se mostrou ainda maior para as mulheres que desenvolveram diabetes gestacional.

Segundo a pesquisadora, a amamentação reduziu os riscos de síndrome metabólica de 39% a 56% entre as mães sem diabetes gestacional, e de 44% a 86% entre as que apresentaram o distúrbio durante a gravidez, conforme o tempo de amamentação, que variou de um a nove meses. 


O estudo

Financiado pelo Instituto Nacional de Saúde americano, o estudo prospectivo teve duração de 20 anos e foi o primeiro a avaliar todos os componentes da síndrome metabólica desde antes da gestação até o fim da lactação. 

Foram acompanhadas 704 mulheres entre 18 e 30 anos de idade, sem filhos e sem nenhum indício de síndrome metabólica até o início do estudo. Depois da gestação, e ao longo dos 20 anos de seguimento, foram diagnosticados 120 casos de síndrome metabólica. 

Nos Estados Unidos, a síndrome atinge quase 40% das mulheres entre 20 e 59 anos de idade. Portanto, a gravidez está quase sempre neste período vulnerável. 

Na conclusão, os pesquisadores sugerem a necessidade de mais investigações sobre o mecanismo pelo qual a lactação influencia o risco de doenças cardiovasculares e diabetes. Também acham importante que se avaliem melhor variáveis como estilo de vida ou duração da lactação no desenvolvimento da doença arterial coronária e do diabetes tipo 2, particularmente entre grupos de alto risco, como no caso de mulheres com histórico de diabetes gestacional. 

Isso porque há evidências de que as mulheres que amamentam perdem o peso adquirido na gravidez com mais facilidade, e que isso as levam a estilos de vida mais saudáveis. Porém, segundo os pesquisadores, essa proteção do aleitamento materno sobre a síndrome metabólica pode não estar relacionada ao peso da mãe. Então é preciso confirmar se a redução da gordura abdominal e da resistência à insulina supostamente promovidas pela lactação são determinantes na associação entre a amamentação e o menor risco de síndrome metabólica.

Este estudo é parte do CARDIA (Coronary Artery Risk Development in Young Adults), um estudo multicêntrico, longitudinal, desenvolvido para descrever o desenvolvimento de fatores de risco para doença coronária em adultos jovens de quatro áreas geográficas distintas dos Estados Unidos.

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